quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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quinta-feira, 26 de abril de 2007

Lembranças de família, a memória das casas da cidade

Liberte-se da sufocante rotina metropolitana, fria e fugaz, para se deter, por alguns momentos, na contemplação poética que uma cidade pode oferecer.



Belo Horizonte é hoje uma cidade relativamente nova. 109 anos, entretanto, é tempo demais para inúmeras vidas começarem e acabarem por dentre suas vielas. Neste intervalo de tempo, suas casas armazenaram vidas e contaram histórias. Os complexos romances escritos em seus contornos em apenas um século perpassam pelo rural, pelo clássico, pelo moderno, até chegar ao mais absurdo da contemporaneidade. Da mesma forma que o Jazz atravessou em 50 anos todo o percurso que a música erudita fez em 500, a capital mineira atravessou mudanças urbanísticas em 100 anos que algumas cidades demoraram um milênio para maturar. Pequenos e grandes indícios produtores de fábulas bucólicas na rotina veloz da vida moderna.

Em contramão desta velocidade esta matéria lhe faz um convite para rever a cidade que nos cerca. Um “olhar com outros olhos” ao emaranhado de serviços e necessidades dos centros urbanos. Tal qual o explorador Marco Polo e o imperador Kublai Khan, caminharemos juntos pelos tão conhecidos cantos da cidade, surpreendendo-se a cada novo ângulo descoberto, e revelando um universo de segredos que se escondem muito mais que o lugar comum.

Reinos da memória



Nossa jornada se inicia no Padre Eustáquio, um bairro de alta densidade comercial na região noroeste da capital. A avenida homônima, que corta toda a região, repleta de estabelecimentos comerciais de todos os tipos é uma das mais movimentadas da cidade. Embrenhando um pouco fora de seu eixo, escorregando pelas vielas que cortam essa avenida principal, encontra-se uma casa de época, construída há mais de 60 anos. Uma campainha barulhenta chama a família de moradores, descendentes diretos do ex-combatente da Segunda Grande Guerra, José Xavier – ouPai Xavier, como costumavam chamar os mais íntimos, que comprou a casa após retornar para o Brasil, em 1945.

"Eu cresci aqui. Vim para cá com dois anos e pouco, estou atualmente com 63 anos. Meu pai viveu o resto da vida dele toda aqui, minha mãe também. Agora moramos nós, os filhos, e os netos e bisnetos" relembra Maria José Xavier, filha do ex-combatente. As quatro gerações que já viveram nesta casa construíram um emaranhado de eventos e memórias únicas, onde cada cômodo e objeto têm uma longevidade histórica que se funde a alma dos seus habitantes.

Os detalhes de época, o lavabo na sala de jantar, a clarabóia sobre a escada, o antigo filtro de barro, os muros baixos cercados apenas por uma singela grade, a TV preto e branco. Tudo isso se tornou parte do universo cultural da família Xavier.

Perto da casa de Maria José, no bairro Carlos Prates, em meio às reformas das fachadas e atividades constantes na região, outro reduto do passado se esconde. Ali, no meio de duas moradas forçadamente "mudernas", a casa do senhor Walter Diniz, 68 anos, mantém orgulhosamente os indícios arquitetônicos da cidade antiga: uma casa construída há 55 anos que não tem pudores de revelar a fraqueza do tempo passado nas épocas atuais.

Walter conta com saudade e orgulho a história do seu mundo dentro daquele espaço. De nomenclatura dissolvida, o famoso barracão, associado muito à pobreza, é "desestereotipado" pela memória do homem. A casa dele também agregou quatro gerações da família: sua mãe e pai (falecidos), seus filhos e seus netos - esses últimos estampados em fotografia na sala e na sua mente. Seus descendentes foram tomando seus rumos, mas a residência nunca está vazia; almoços de domingos, visitas diárias, churrascos, encontros que parecem fazer a família inteira voltar no tempo.

Quando está sozinho, Walter tem uma rotina que aos olhos do frenesi mercadológico é simples e sem graça. Ele exala o prazer de viver no local, que ele mesmo chama de "meu reino". “Levantar cedo, regar a roseira, alimentar os pássaros, dar uma olhada no Fusca 1966, ir para o trabalho (numa lavanderia industrial da Pampulha), chegar em casa, receber alguém, ir para a varanda (que não tem a visão ameaçada por muros gigantes) e tomam casas aqui na rua já morreu. É uma coisa ruim, você ver todas as pessoas que conviviam com você irem embora”, lamenta. Mesmo assim, diz, com ironia e convicção: “Adoro morar aqui, e daqui a gente só sai se for pro Bosque da Esperança".

A memória perdida



A nostalgia, presente no ar abafado do interior do que outrora foi uma casa do tradicional bairro de Santa Teresa, destoa do descaso que habitualmente é reservado às construções esquecidas. Seus vizinhos já não sabem quem foi o dono do lugar.

Um cadeado velho preso a correntes também velhas obstrui o caminho através do portão enferrujado. Um caminho tomado pela vegetação natural que é, há um bom tempo, a única coisa viva que mora por aqui. As janelas e portas trancadas do casarão abandonado já não representam a mesma segurança do momento em que foram fechadas pela última vez. Qualquer eventual invasor facilmente transformaria essa velha casa de telhas faltando em uma nova morada. E muitos o fazem.

O muro da frente do casarão abandonado está trincado graças às colisões dos carros, que fazem a curva da Avenida Flávio dos Santos em alta velocidade. Invisíveis em uma cidade-capital que cresce a cada dia, principalmente em bairros majoritariamente residenciais - como os da região leste -, as casas abandonadas são memórias vazias, órfãs de cuidado, indícios quase pulverizados de um passado inexplorado.

Em diferentes cantos da cidade, casas esquecidas se deterioram com o tempo. À margem das novas construções modernas, essas casas ostentam em suas fachadas parte do tempo em que foram construídas, tijolo por tijolo, de forma não-industrial. Retratos de épocas que se desfazem com o passar dos dias, como todas as coisas que também acabam.

Seu preço histórico não pode ser medido pelas cotações dos trustes imobiliários. As novas gerações desconhecerão essa parte da história da cidade, que morre com as ruínas do que sobrou desses antigos casarões. As lembranças guardadas ali permanecerão trancadas.

Grupo: Fábio Corrêa; Guilherme Ávila; Luciano Márcio; Wesley Diniz; Victor Diniz

sexta-feira, 30 de março de 2007

Saia da mesmice! Conheça um novo bar



Cansado dos mesmos barzinhos, das mesmas músicas e das mesmas pessoas? Não se preocupe! Uma portinha entre lojas pode ser a sua válvula de escape. Encontramos recantos inusitados, locais que têm mais a oferecer que simplesmente uma cerveja gelada ou uma boa comida, enfim, locais que possuem uma assinatura própria. São bares fora dos padrões, sem compromisso com modismos e sem pretensões de se tornarem o point da cidade.

Para conhecer é preciso ser indicado por alguém. É preciso fazer parte de um grupo. Uma rede de amigos do amigo dos amigos... Um ambiente gostoso para curtir o que quiser. Locais onde o normal é exótico, que possuem atrativos muito particulares.

Se você faz parte da geração saúde, por exemplo, é apaixonado por esportes radicais e açaí, mas não dispensa a boa e tradicional cervejinha, o Sete Cumes é o seu lugar. Uma enorme parede de escalada se mescla com mesas de boteco e sinuca, além de músicas que atendem a vários estilos do samba ao rock.

Agora, se você prefere um lugar mais reservado, quer passar despercebido e curtir um tira-gosto enquanto faz filosofia sobre o mundo ao som de antigos vinis, vale dar uma passadinha no Beco do Vinil ou, simplesmente, Bar do Marcílio.

Mas se você é “normal”, gosta de privacidade, um local aconchegante e MPB ao vivo, o seu lugar é o Normal Lounge Bar.

Vale a pena conferir o que Beagá tem para mostrar; mesmo quando está bem escondidinho...

Grupo: Andréa Andrade, Flávia Brandão, Hermano Chiodi Freitas, Chicó Araujo (João Victor), Mariana Renan, Thobias Almeida

Pombos-correio resistem à tecnologia e voam alto para manter a tradição

Na vida corrida dos mais de dois milhões e duzentos mil belorizontinos, a maioria não tem tempo para apreciar o vôo dos pombos-correio. Mas para os criadores e aqueles que conhecem as aves, o trajeto delas é vigiado de perto. Segundo o aposentado Euler Nunan, que mora no bairro Minas Brasil, os criadores se tornam conhecidos nos bairros onde vivem. “Quando cai um pombo em algum lugar, as pessoas já acham que é seu”, conta. Pequenos acidentes, como batidas em antenas e vidraças e cortes em linhas de cerol também acontecem. “No final, o prejuízo é sempre do criador”, afirma Euler.

Os criadores conseguem distinguir as suas aves das dos outros. “Às vezes a gente faz uma solta, fica esperando eles voltarem e acaba vendo também o pombo dos outros, que vão em direção às suas casas”, diz Euler.

E esses pombos, que são sinônimos de aversão para alguns, são os mesmos que já levaram alegria a várias pessoas. O uso dos pássaros era comum há muito tempo, quando a tecnologia ainda não era tão evoluída. “Antigamente as pessoas treinavam os pombos em fazendas. Dessa forma, era só soltar o pássaro na cidade e ele voltava ao lugar em que foi treinado, com uma mensagem”, contou Euler, que cria pombos-correio há mais de 40 anos.

O descendente de irlandeses se apaixonou pela ave quando, aos três anos de idade, ganhou de amigos da família seu primeiro casal de pombos. Ainda não eram pombos-correio, espécie que ele só conseguiu adquirir ao completar 11 anos. “Quem tinha bons pombos não gostava de vender”, relembra. A família toda participava, mas foi ele quem construiu sozinho seu primeiro pombal.

Euler conta que a maior dificuldade na criação é conciliar o trabalho com o tempo necessário para se dedicar aos pássaros. Ele gasta de três a quatro horas por dia, mas não reclama. Para ele essa atividade significa mais que um hobby . “É uma higiene mental. Tudo o que se faz que tem trabalho e lazer se torna prazer”, reflete.

Desmentindo crenças, os pombos correios não eram usados para enviar mensagens de amor aos namorados. Entre as suas funções prioritárias estava a de enviar notícias às famílias, em caso de viagem. Isso porque o dono só pode enviar mensagens à sua própria casa, que o pombo consegue localizar mesmo a mais de mil quilômetros de distância.

A espera pela volta do pássaro pode mudar a vida de algumas pessoas. Num certo dia, Euler Nunan recebeu um pombo-correio em sua casa, mas não tinha conhecimento do dono dele. Sabendo que a ave tende a retornar ao local onde foi criada, ele escreveu um bilhete e depois a colocou em liberdade. Poucos dias depois, recebeu um telefonema. “Essa história me marcou muito. Quem me ligou foi o dono do pombo, na época presidente da Federação Columbófila Brasileira. Ele me ligou agradecendo por eu ter soltado o pássaro e desde então mantemos contato. Hoje, somos verdadeiros amigos”, detalhou.

No Brasil, a prática é ainda pouco incentivada. “Minas Gerais é o estado que apresenta o maior número de columbófilos de todo o Brasil, sendo Belo Horizonte a cidade com o maior número de criadores”, disse o professor de Engenharia da PUC Minas, Antonius Henricus. Mas ele afirmou que ainda são poucas as pessoas que preferem criar pombos a outros animais, até porque o hobby (que é a forma como Antonius define a prática) exige tempo, dedicação e disponibilidade financeira.












Michelle Beckmann

Legenda: Saudosos, os pombos sempre retornam aos seus lares

A Rua dos dançarinos felizes

Existe um quarteirão da Rua dos Goitacazes onde predomina a diversidade. É um trecho pequeno que não está na Zona Sul, nem consta dos itinerários dos abastados, mas que guarda em suas tabuletas, construções e personagens uma certa poesia, um sonho, talvez, de que a igualdade, exatamente ali, fez a sua morada. Aos sábados, quando caem as tardes, esse pedaço de rua torna-se palco do “Quarteirão do Soul”. Um encontro de dançarinos da black music que, pelo menos momentaneamente, ofusca as diferenças de credo, hierarquia social e raça.

Poucas vezes, quem sabe, a visão da diversidade esteve tão plena, misturada harmoniosamente. Confira, agora, uma amostra de singular alegria fraterna:

Vídeo com cenas do “Quarteirão do Soul”

O “Quarteirão do Soul” é embalado pelas músicas de James Brown. Dançarinos de sapato bicolor e, às vezes, com ternos alinhados, misturam-se aos transeuntes e espectadores, exibindo performances inspiradas na década de 1970. Uma imagem que parece saída do túnel do tempo. Há dançarinos com cabelo black-power, deslizando sobre o asfalto, como se a superfície fosse feita de gelo. Junto deles, dançam personagens vindos de qualquer lugar: grupos de jovens, figuras saudosas daquela década passada, o andarilho e sua cachorrinha de pelagem negra, o catador de material reciclável que venera James Brown...

Aos sábados, no quarteirão da Rua dos Goitacazes, todas as tribos se misturam. E até o tímido rapaz de 20 anos, que gosta de reggae, interrompe seu caminho para ver a “dança dos extrovertidos”. O nome dele é Vinícius de Jesus e, embora não tenha coragem, diz que gostaria de estar no meio daquele povo, dançando. Os seus olhos acompanham as danças e se estendem além, captando os sorrisos e a diversidade das gerações. A música ecoa, faz arregalar os olhinhos do bebê que, no colo da mãe, não entende o que antes nunca vira. Vinícius gosta da cena e das cores irmanadas: “Acho que todo o mundo deveria ser assim”, comenta.

O quarteirão compõe-se de botecos, livrarias, hotel, escolas e casa de massagem. E tem a alma que lhe dão os personagens de dentro e de fora dessas construções. Ele é efervescente, mas também discreto, com seus livreiros concentrados em histórias de ficção.

A casa de massagem tem sempre a porta aberta, depois da qual uma escada espiralada apresenta-se como único caminho. Lá em cima, da janela, a dona da casa e suas meninas observam o encontro dos dançarinos da black music. Ela é uma discreta senhora de 60 anos que se apresenta com o nome de “Tia” e não costuma andar pelo quarteirão. Ainda assim, conhece quase todos os personagens e sabe há quanto tempo eles estão ali. A sua janela tem vista privilegiada. Abre-se logo depois do fim da escada, ampla, iluminada, voltada para as histórias que se constroem naquele trecho da rua.

“Tia” veio de Esmeraldas, no interior de Minas, há 50 anos. Diz que sente saudades do tempo da infância, na fazenda em que morava, embora lá não tivesse luz, nem televisão. Quando fala do passado, é como se falasse de uma outra vida que não a dela. A menina esmeraldense brilha intermitentemente na neblina dos anos e aparece, de vez em quando, no olhar distante.

Debaixo da janela, James Brown ainda ecoa. Está nos LPs que tocam nas pick ups de quem comanda o som no “Quarteirão do Soul”. E as pessoas continuam dançando e sorrindo, quem sabe apagando da memória as suas dores. Algumas se esforçam para aprender os passos, mas há aquelas que dançam a seu modo, apenas vivendo o momento. Entre os mais animados, pode-se ver um andarilho anônimo. Do seu corpo pendem cornetas que ele toca esporadicamente. Mas a sua fiel seguidora, a cachorrinha vira-lata, parece hesitante no meio dos dançarinos, sem entender o motivo da alegria contagiante do seu dono.

Edna de Souza, a gari de 47 anos que transita entre o público do “Quarteirão”, varrendo constantemente, diz que aquela música foi do seu tempo. Os anos que se passaram entre a década de 1970, quando freqüentava os bailes da soul music na periferia, e a primeira década de 2000, roubaram-lhe a descontração. Ela afirma que já não gosta daquela música. No entanto, contraditoriamente, apressa-se em chegar junto à roda: “Para mim é bom. Talvez a gente está pensativa e até se esquece dos problemas”, afirma, dividida entre uma Edna do ontem e do agora.

Lá em cima, da sua janela, a “Tia” observa o encontro da diversidade. Suas últimas palavras também ecoam pelo quarteirão:
- Às vezes, na sua casa, você tem um monte de janelas e nenhuma lhe agrada. Mas esta tem um astral muito bom! Olhando daqui de cima, acho que todo mundo nesse quarteirão é feliz...
Ana Carolina Lima; Gabriel Senna; Leandro Maia; Maria Cristina Rielle; Maria Silva e Silvério; Tatiana Perry

Teatro audiovisual

Uma tendência ou uma manifestação na mudança de comportamento para o acesso à cultura?


O charme do teatro que pressupunha um inesperado encontro entre personagens e platéia pode estar com os dias contados. E para percorrer esta distância, bastam apenas alguns cliques. É o tempo real que utiliza meios audiovisuais, misturando a concepção de trailler cinematográfico, aos palcos. É a era YouTube na influência sócio-artística-cultural.

O Grupo Galpão e sua sede cultural, Galpão Cine Horto, já disponibilizam vídeos. Segundo o coordenador de produção da casa, Rodrigo Fidelis, a equipe decidiu reforçar suas ações na internet, para que haja mais democratização na cultura. “Desde o ano passado estamos mergulhando nesse universo. Nosso site passou por grandes mudanças, ficou mais dinâmico, com imagens dos projetos, ferramentas de promoções, cadastro do público, com serviços diários e um histórico com todas nossas ações”, conta Fidelis.

Além da reformulação no próprio site, e da comunidade no ORKUT , a equipe decidiu também disponibilizar vídeos, de vários projetos executados no/e pelo Galpão Cine Horto, no You Tube. No canal 'galpaocinehorto', é possível encontrar filmes tanto de encontros de profissionais, quanto imagens de espetáculos. “Pretendemos ainda disponibilizar trechos de aulas e oficinas ministradas aqui, para que futuros alunos possam ver o nosso método de ensino e a dinâmica dos nossos professores”, enfatiza Fidelis. Ele acredita que essa é uma forma de arquivar os eventos e ao mesmo tempo tornar público os projetos da casa.

Para o diretor, ator e produtor teatral Cássio Pinheiro, a internet é o meio mais democrático já inventado para haver troca de informações. Segundo ele, por ser produzido de modo artesanal, o teatro é carente da disponibilidade de recurso financeiro para uma divulgação em massa. “A internet, além de proporcionar um baixo custo à postagem de vídeos e materiais de divulgação, nos proporciona um contato mais direto com os internautas, possibilitando ainda a abertura de espaço para que ele manifeste sua opinião sobre esse ou aquele evento artístico”, completa.

Para Pinheiro, essa movimentação artística no You Tube ainda não pode ser considerada uma tendência em Belo Horizonte, já que, apesar da crescente profissionalização do meio artístico, a produção teatral na cidade ainda é muito amadora. De acordo com ele, é por esse amadorismo que muitos produtores ainda estão no “período cretáceo” do ponto de vista da internet.

Já o ator e produtor teatral Fernando Bustamante, acredita que as postagens de vídeos no You Tube pode ser consideradas uma tendência mundial. Ele postou na íntegra a peça infantil que produziu, 'A pequena sereia', porque acredita que esta seja a forma mais eficaz de divulgar o espetáculo. “A pedido de admiradores da estória infantil, residentes em diversos Estados, que não têm a oportunidade de assistir ao espetáculo, resolvi colocar a peça disponível na internet. Além do que, temos a possibilidade de divulgarmos a peça em todo o mundo e analisarmos os comentários da nossa montagem”, conta.

Grupo: Bárbara Teles, Pedro dos Anjos e Tássia Corina

quinta-feira, 29 de março de 2007

Outra cidade, outra vida

Fernando, conhecido como “Uma ótima pessoa”, procura emprego em sua cidade para arrecadar dinheiro com o objetivo de se casar com “Thay Nagi”. Dentre as possibilidades de trabalho do casal, está o posto de dançarina em uma boate, o qual ela se propôs a assumir. Pedro Lima é um belo-horizontino que trabalha como DJ e também recebe jogando games. Cláudio é diretor de negócios de uma agência de publicidade brasileira; participa de reuniões e se atualiza com as tendências do mercado andando pela cidade. Tudo isso seria considerado normal se acontecesse na vida real, mas tratam-se de histórias surpreendentes em uma cidade invisível, o
Second Life (SL).

O jogo virtual, que já tem mais de quatro milhões de membros no mundo todo, é um ambiente econômico e social, uma mistura de realidade virtual com um site de relacionamentos. Muitos membros ainda escolhem ter uma vida bem parecida com a real, mas o que mais fascina os freqüentadores são as infinitas possibilidades que extrapolam os limites geográficos. Os usuários podem conhecer pessoas e lugares de todo o mundo, criar objetos, fazer negócios, ser outra pessoa, se teletransportar, voar, dentre outras. Há a possibilidade de se procurar o nome de uma cidade qualquer e se teletransportar para ela. Segundos depois o personagem se vê no lugar, com os edifícios e ambientes aparecendo aos poucos e logo vem a interpretação do sentido do lugar. Não gostou? Pode viajar para outro país em um segundo.

Fernando Souto, de 29 anos, trabalha na vida real como recepcionista de um hotel em São Paulo. É solteiro, mas seu personagem “Uma ótima pessoa” pretende se casar “virtualmente” com uma garota do Rio de Janeiro. Como na vida real, todo casório custa muito dinheiro. Para bancar o conforto e as despesas, eles estão a procura de emprego. Além de gastar mais de uma hora diária com o relacionamento, ele passa em média 30 minutos em cassinos, outros 30 minutos em danceterias e 40 minutos ajudando pessoas gratuitamente na cidade de São Paulo que foi projetada no jogo. São quase 3 horas por dia vivendo a sua “segunda vida”.

O fotógrafo publicitário de Belo Horizonte, Pedro Lima, de 28 anos, já chegou a ficar três semanas sem se desconectar do jogo. Deixava o computador ligado direto, e jogava 12 horas por dia, em média, nessa época. Ele conta que a maior emoção que viveu no SL foi uma representação do que gosta de fazer em sua vida real. Pedro Tavares Peterman, seu personagem, foi chamado para trabalhar em uma boate, onde vários avatars (modo como as pessoas virtuais são identificadas) se encontram, dançam, “ficam” e bebem, como em uma boate real.

Já existem 36 cidades e ilhas brasileiras no jogo. Uma praça de São Paulo é um dos lugares mais visitados. Lá sempre há vários grupos reunidos, além de pessoas pedindo orientações sobre como jogar e como ganhar dinheiro. Talvez essa possibilidade de ficar rico sem suar a camisa, seja o motivo de tanta cobiça entre as pessoas. O exemplo mais divulgado pela mídia foi o da chinesa Ailin Graef, que se tornou a primeira milionária do SL comprando e vendendo terrenos. Muitos aceitam qualquer trabalho, como de dançarino, segurança, garçom e até de “homem banner”, facilmente encontrados nos centros das capitais brasileiras na vida real.

Na praça paulista existe um distrito policial. Logo na recepção é possível registrar um boletim de ocorrência, apesar de as leis locais não serem propriamente divulgadas. Dentro do edifício há uma cadeia, mas ninguém está preso. O primeiro conselho de justiça do Second Life está ao lado desse distrito, e, ironicamente, é um prédio vazio, sem ninguém à disposição para atender a quem precisar.

Outros lugares para diversão e cultura são as praias com espaço para lual, jardins, salas de jogos, botecos, shows, partituras de orquestra, e até a primeira galeria de arte brasileira na Internet. Em todos os ambientes existem bolhas flutuantes que, ao serem clicadas, permitem ao avatar realizar determinada atividade. No carnaval, a IG, patrocinada pela Fiat, realizou uma festa com direito a trio elétrico e fantasias. Clicando nessas bolhas, os personagens com samba no pé saíam dançando pela avenida. A banda Irlandesa U2 e o Dj Fatboy Slim também inovaram e fizeram shows no SL, uma espécie de clipe das bandas.

Marcelo Zorzanelli, que escreveu a reportagem especial sobre o SL da Revista Época do dia 19 de março, fez uma festa no dia 21 de março com o avatar Marcelo Zeffirelli. Mais de trinta pessoas compareceram. Quando perguntado se estava ficando viciado com o SL, Zeffirelli disse “não, eu odeio” e que a festa foi realizada porque seus editores haviam solicitado. Logo depois, ele estava parado na pista de dança, reclamando do som, enquanto a mulherada não parava de dançar.

Na mesma festa, “Uma ótima pessoa” e “Thay Nagi” dançaram, namoraram e conversaram em um canto sobre como iriam conseguir os tão falados Lindens, a moeda local, para realizar o tradicional sonho de casamento.

O sexo no Second Life

Grupo: Cristina Alkmim, Juliana Minardi, Maria Eduarda, Mariana Teixeira
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